Localizada no conjunto de favelas, instituição é voltada para produção de ciência e tecnologia em saúde. Edição digital ficará disponível para download no Portal Fiocruz
No G1:
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) lança nesta segunda-feira (25) uma cartilha de prevenção à violência. O documento é voltado para moradores e profissionais que trabalham no conjunto de favelas de Manguinhos, na Zona Norte do Rio de Janeiro — onde a instituição tem sede.
O material aborda o impacto da violência armada na saúde física e mental da população que vive, frequenta e trabalha na região.
“Nós temos lidado com a questão da violência urbana há muitos anos, por várias questões. Mas a nossa localização no território, a sede da Fiocruz em Manguinhos, nos coloca numa situação diferenciada. Nós estamos nesse território e temos abordado essa questão voltada para os trabalhadores e moradores que estão lá”, afirmou Valcler Rangel, chefe de gabinete da presidência da Fiocruz.
O conteúdo da cartilha — antecipado ao G1 com exclusividade — reúne orientações fundamentais sobre direitos da população em abordagens policiais e também expõe o impacto psicológico sofrido por agentes de segurança que trabalham em favelas do Rio.
A participação de agentes da Polícia Militar fluminense na produção da cartilha foi, inclusive, celebrada pelos idealizadores do documento, que a partir desta segunda-feira pode ser baixado na página da Fiocruz.
“[A participação de policiais] Foi uma necessidade sentida por toda essa comunidade com quem dialogamos: moradores, policiais, de todo mundo. É uma necessidade de trabalhar a proteção de todos. Os conflitos armados geram insegurança para todo mundo que convive no território”, acrescentou Rangel.
Resultados
Um dos pontos fundamentais da cartilha como estudo está em registrar as consequências psíquicas de agentes de segurança e de moradores das favelas de Manguinhos.
De acordo com pesquisa divulgada no informativo, o sofrimento psíquico é algo recorrente entre moradores e moradoras entrevistados: 80% responderam que a violência com uso de armas de fogo afeta a saúde deles, da família deles ou pessoas próximas.
E em relação aos policiais, a cartilha traz dados da Comissão de Análise da Vitimização Policial da Polícia Militar mostrando que, diariamente, três a quatro PMs são afastados com diagnósticos psiquiátricos na corporação.
O documento registra que, segundo levantamento referente a 2018, quase metade dos 1.320 militares licenciados por problemas de saúde foi afastada por reações ao estresse grave (567).
Estresse pós-traumático
A cartilha também tem um capítulo dedicado ao Transtorno de Estresse Pós-Traumático, elaborado pela pesquisadora Fernanda Serpeloni, do Centro Latino-Americano de Estudos de Violência e Saúde da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca da Fiocruz (Claves/Ensp).
Ao tratar do tema, o informativo define e esclarece o que é o transtorno, bem como trata das consequências e busca de possíveis tratamentos.
Inclusive, consta no material informações sobre projeto para pessoas que desenvolveram o transtorno, que podem entrar em contato com funcionários da Fiocruz pelo telefone (21) 99555-5590 ou o email projeto_net@fiocruz.br.
Serviço
- Pré-lançamento da Cartilha de Prevenção à Violência Armada em Manguinhos
- Data: 25/11/2019
- Horário: De 9h às 16h
- Local: Auditório do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS), no Campus Manguinhos
- Endereço: Avenida Brasil, nº 4.365
- Inscrições no local